sexta-feira, 10 de junho de 2016

David Belle's Parkour (tradução) - Pt 10

Tradução livre da versão em inglês do livro Parkour, de David Belle
Tradutor desta parte: Victor Silva (Kratos)

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Aprendizado e Treinamento


De onde vem o nome "Parkour"?


Quanto mais meu avô me contava sobre a condição física e as habilidades de meu pai, mais eu fazia perguntas a mim mesmo. Eu me perguntava como ele tinha conseguido fazer todas aquelas coisas. Acabei perguntando diretamente ao meu pai; eu queria saber que tipos de esportes ele tinha praticado para alcançar um nível tão alto. E foi então que eu ouvi a palavra "parcours" pela primeira vez. (Parcours du combattant = Percurso do combatente / Pista de obstáculos). Ele me contou como, enquanto era uma criança soldado, ele levantava todas as noites para sair e treinar, sozinho e às escondidas, na pista de obstáculos, mas também em outros percursos que ele havia inventado por conta própria. Para mim, essa palavra, "parcours", era muito abstrata e não significava coisa alguma. Ele me explicou que havia diferentes percursos - ou parcours - por lá, como percurso de resistência, percurso de agilidade, percurso de resiliência, e assim por diante. Havia até mesmo um percurso de silêncio onde ele treinava com os amigos indo de árvore em árvore na floresta, olhando as tropas francesas de cima, sem ser percebido ou ouvido. As mentes deles já estavam focadas na guerra. Para muitos, hoje, o Parkour é algo divertido; mas para meu pai, era vital - uma questão de vida ou morte. Esse treinamento o ajudou a ficar resistente, a sobreviver na guerra e a se proteger, contra todas as possibilidades. Meu pai era muito paciente, disposto, persistente e dedicado. Ele encarava cada obstáculo que vinha em sua direção e encontrava a melhor maneira de transpô-lo. E ele repetia o movimento cinquenta, cem vezes, até dominá-lo com perfeição. E ele tinha apenas doze, treze anos. Comparado a ele, com a mesma idade, eu me sentia totalmente inferior: se algo acontecia comigo, eu ficava desconcertado e chorava como se tivesse apanhado. Eu ainda estava brincando com meus Playmobils quando ele havia sofrido na selva com a mesma idade. Para meu pai, Parkour era suor, lágrimas e sangue.

Como você foi iniciado no Parkour?


Você precisa entender que o Parkour não surgiu do nada, em um dia. Meu pai nunca me disse, "Aqui, filho. Agora que você já fez quinze anos, eu vou compartilhar um grande segredo com você", não. Eu tive que estudar intensamente, pesquisar, buscar, meio que como um jornalista. Primeiro eu tive que descobrir meu pai e o que estava atrás do homem. Então eu assimilei tudo que ele me ensinou sobre a vida, como lidar com ela, como construí-la com uma base sólida. Ele me deu uma grande quantidade de elementos a respeito de uma certa filosofia de vida, mas também me deu conselhos esportivos para uma melhor preparação física e mental. É uma mistura desses elementos com o trabalho pessoal ao qual eu me submeti por anos que levou ao surgimento do Parkour, pouco a pouco. Algumas pessoas hoje me dizem: "Hey, David, você é o criador do Parkour", mas eu não sou! Não sou um cientista trabalhando em um laboratório, ou um engenheiro; eu não inventei coisa alguma. Veio de um longo processo que começou na minha adolescência - se não antes. Eu não estava mais interessado na escola, e eu precisava de algo mais autêntico, mais real; retornar a algo fundamental. Em certo momento, eu dei um tempo e disse a mim mesmo que a vida é curta, e comecei a olhar para dentro de mim mesmo para descobrir o que eu poderia fazer dela, descobrir em qual área eu poderia me sobressair, e o resto viria depois. Eu herdei isso do meu pai. Ele acreditava que se você aprender certas bases, eles te ajudarão em qualquer outra situação.

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